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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Alimentar emoções

*Imagem retirada do site http://gizmodo.uol.com.br/emocoes-corpo-humano/
Quando não queremos que algo vivo cresça, a melhor maneira que temos para a matar é não lhe dar de comer. Sem alimento, certamente irá definhar e morrer. O mesmo acontece com as emoções humanas: se não as alimentarmos, elas morrem. Isto tem um lado muito positivo: se nos queremos livrar daquelas que nos atormentam, o que temos a fazer é deixar de as alimentar. 
Como fazemos isso? Alimentamos-las de cada vez que temos comportamentos que lhes são favoráveis. Por exemplo, a ansiedade: se tivermos medo de alguma coisa que pensamos irá acontecer no futuro, alimentamos a ansiedade associada sempre que pensamos nela, que falamos nela, que juntamos na nossa mente algum ingrediente, ou seja, um novo receio. A ansiedade crescerá, ficará mais forte. No entanto se fizermos exactamente o contrário ela acabará por diminuir e/ou desaparecer.
Às vezes achamos que se falarmos nas coisas ajuda. Sim, ajuda desabafar. Mas cuidado, ao falarmos nelas, ao verbalizarmos, por vezes, estamos a dar-lhes comida. É ténue a fronteira que separa o aquilo que nos aliviará e aquilo que nos fará ficar pior. 
O mesmo princípio se aplica a emoções positivas, por exemplo à alegria. Mas neste caso, o preferível é que engorde bastante, por isso, toca a alimentá-la!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Medo das emoções positivas

O Homem é um animal de hábitos. E é bem verdade. Normalmente, quando pensamos nesta frase vêm-nos à memória comportamentos repetidos ao longo da vida. No entanto estes hábitos estendem-se também às emoções. 
Os hábitos caracterizam-nos, moldam a estrutura do nosso cérebro. Assim acontece com as emoções. Se repetidas ao longo do tempo, o cérebro familiariza-se com elas de tal forma que as considera normais. Normais, no sentido em que espera que ocorram, está preparado para que ocorram, e como tal aceita-as, não as rejeita. 
O que se passa é que por vezes ele só está habituado a emoções negativas, as positivas são raras e pouco intensas. Quando ocorrem, são uma novidade. Perante tal, não sabe como se comportar. Apesar de o consciente lhe dizer que são boas, não havendo registo com o qual as possa comparar, o que imediatamente se verifica é um aumento da ansiedade associada. Mesmo aquilo que é bom, como pode o cérebro avaliar se o é ou não, aquilo que desconhece e para o qual não tem base de comparação? Tem que se conhecer o que é bom para se querer experimentar o que é bom, caso contrário, é difícil acreditar que essa sensação existe, ainda mais quando o historial apenas apresenta um rol de coisas más.
O desconhecido causa medo, ansiedade. Estamos programados para evitar estas sensações. Aquilo que nos é dito pelo consciente que irá causar emoções positivas, é recebido pelo cérebro com desconfiança, despoletando uma série de emoções negativas. Por exemplo, se alguém está habituado a comer algo amargo, de que não gosta, e desconhece o sabor do açúcar, como se sentirá quando alguém lhe sugerir que um bolo é doce e que o doce provoca sensações agradáveis? Medo. Medo de não ser verdade e de ficar desapontado, medo de o doce não ser tão bom quanto aquilo que lhe dizem ser, medo de que a sua língua não goste do sabor doce. O mesmo acontece com as emoções. 
É por isso que muitas vezes vemos pessoas que enveredam por estilos de vida que repetidamente lhes trazem emoções negativas, rejeitando aquilo que as faria sentir melhor, pelo menos a avaliar pelos padrões da maioria das pessoas.  

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Acatisia

A palavra deriva do grego καθίζειν, ou kathízein, que significa "sentar", dando-lhe o prefixo "a-" o sentido de negação ou ausência. Trata-se de uma síndrome psicomotora que se manifesta pela impossibilidade de estar quieto. Caracteriza-se pela inquietação, ansiedade, parestesia, agitação e vontade de se mover o tempo todo. Trata-se de um efeito colateral de algumas drogas, nomeadamente do grupo dos anti-psicóticos (neurolépticos), tais como butirofenonas, ou também bloqueadores dos canais de cálcio, buspironas metoclopramides e agentes dopaminérgicos. Os anti-depresssivos do grupo Inibidores Selectivos de Recaptação da Serotonina (SSRI) podem causar acatisia como parte dos seus efeitos colaterais. Entre eles encontram-se a Paroxetina, o Zoloft e Fluoxetina. Os tratamentos mais sugeridos são betabloqueadores, benzodiazepínicos e anticolinérgicos. Pedemos encontrar também como causadores deste síndroma a Trazodona e a Venlafaxina.
Este símdrome é causado devido a um aumento dos níveis do neurotransmissor norepinefrina, que conduz a um aumento da ansiedade, agressão, excitação e estado de alerta. Pode também ser associado a uma ruptura dos receptores NMDA (entre outras controla as funções de plasticidade sináptica de norepinefrina.  
Muitas vezes a acatisia é confundida com o Síndrome das Pernas Inquietas pela semelhança dos sintomas. 
O psiquiatra Lars K. Hansen propõe um programa de relaxamento com duração de apenas doze minutos que envolve exercícios de respiração e de redução da tensão que pode ajudar a reduzir a acatisia em pacientes com determinadas enfermidades tais como a esquizofrenia crónica e que não respondiam ao tratamento recebido para tratar a acatisia.
Estima-se que este flagelo atinge 50 a 70% dos pacientes que receberamantipsicóticos de primeira geração, taxas não muito diferentes das encontradas entre aqueles que receberam os de segunda geração (os primeiros vieram substituir os segundos com a promessa de diminuir a intensidade destes efeitos). Entre os que recebem tratamento com anti-depressivos, a taxa varia entre os 5 e 10%.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A felicidade é uma opção

Todos queremos ser felizes. Porém, a maior parte das pessoas não tem como objectivo alcançar esse fim. Ou seja, é como desejar ganhar o euromilhões sem sequer jogar! Mas no que concerne ao estado de felicidade, não há nenhuma chave de sorteio que automaticamente no-lo atribua: a felicidade tem que ser construída, depois cuidada para que não esmoreça.

Quase toda a gente diz que se esforça por ser feliz, mas que essa felicidade nunca chega. Será que estão a fazer alguma coisa errada? Acho que sim. É que temos tendência a procurá-la em todo o lado excepto onde devemos: vemo-la como dependendo do exterior, do dinheiro, dos amigos, da família, do amor, da saúde. É claro que isto contribui em muito para atingir esse estado, mas quantas pessoas conhecemos que têm tudo isso e se sentem miseravelmente infelizes?

A felicidade é uma OPÇÃO! Temos que optar por ser felizes. A nossa educação e a tendência pessimista da sociedade em que vivemos, em que se valorizam mais as coisas negativas que as positivas, onde nos ensinam que a felicidade é a ausência de coisas negativas, achamos que não temos sequer direito a ela, que ela é uma espécie de bónus a que apenas alguns têm direito. Olhamo-la como algo distante, que vem de fora, invejamos quem a possui... Encontramos sempre mil e um culpados para que ela não nos tenha ainda batido à porta.
A verdade é que ela nos está sempre a bater à porta, nós é que não a abrimos, nem sequer ouvimos. Procuramos grandes alegrias e ignoramos as pequenas, mas damos imensa importância às pequenas tristezas!  Em primeiro lugar, temos que nos convencer que temos direito a ela. Não está escrito em parte nenhuma que devemos penar. A alegria pode coexistir com a tristeza, pois estas duas emoções são tratadas em partes diferentes do cérebro, logo é errado pensar que uma é a ausência da outra; depois, há que vê-la como um objectivo a atingir, o objectivo maior da nossa vida. Há que tomar a opção de ser feliz. Até pode ser que o mundo esteja todo contra nós, pois o que conta é o que decidimos, se decidimos entregar-nos à tristeza ou à alegria, se decidimos dar mais importância à primeira que à segunda. Somos livres, em última análise, em permitir que determinado facto nos atinja ou não. Podem lançar-nos uma pedra, isso não depende de nós. A pedra pode ferir-nos, também não depende de nós. O que depende de nós é se vamos ou não deixar que esse acontecimento nos retire a nossa felicidade.

Sei que é difícil de compreender, mas o que vejo à minha volta são pessoas que se habituaram a ver a felicidade ao longe e por mais que a desejem por perto, têm medo de encurtar as distâncias entre elas.

Já agora, é feliz?

domingo, 30 de junho de 2013

Consequências físicas das emoções negativas

Se é certo que nos preocupamos com a higiene do corpo, da casa, da roupa, a verdade é que raras são as vezes em que nos preocupamos que a higiene emocional. Tal como a sujidade é um factor negativo na higiene física, assim o são as emoções negativas no campo psicológico. Estas produzem experiências desagradáveis, sendo as mais importantes a ansiedade, a raiva e a tristeza, em oposição às positivas que desencadeiam experiências agradáveis, como a alegria e o amor por exemplo.
Vários estudos efectuados demonstram que as emoções positivas potenciam a saúde, enquanto as negativas a comprometem. Um dos exemplos mais conhecidos é a ansiedade, cujas consequências para a saúde são bem conhecidas, e vão desde problemas cardíacos e úlceras a doenças relacionadas com uma ineficácia do sistema imunitário, tal como a gripe, herpes ou diarreia. 
Na medida em que num estado de ansiedade os indivíduos prevêm subjectivamente consequências demasiado negativas  da situação ou objecto desencadeante, são mobilizados recursos tal como aqueles que serão necessários num caso objectivo.  A percepção, a memória, o pensamento, a linguagem, o sistema nervoso autónomo, o sistema motor, o hormonal, todos são chamados a permanecer em alerta, com vista a enfrentar tais consequências negativas, sendo apenas desmobilizados quando a ansiedade tiver diminuído. Apesar de a ansiedade ser uma emoção natural de carácter adaptativo, essencial à sobrevivência, torna-se maléfica quando se prolonga por muito tempo a níveis demasiados altos.
As emoções negativas têm influência sobre a saúde na medida em que exploram em demasia os recursos psiconeurofisiológicos, mas também porque influênciam a motivação do indivíduo, levando-o a modificar ou a permanecer em condutas comportamentais pouco saudáveis, tais como falta de exercício físico ou excesso dele, dieta desequilibrada, descanso inapropriado, abuso de substâncias tóxicas, entre outros.
Tomamos como exemplo um motor. Se o pusermos a trabalhar em altas rotações por muito tempo, sem o pararmos, começará a avariar muito mais cedo e com mais frequentemente do que outro igual que esteja a ser utilizado de forma menos intensa.
Os avanços na ciência têm permitido relacionar algumas doenças do forum neurológico e infeccioso à ansiedade, tais como esclerose múltipla e até tuberculose.
É claro que para que se desenvolva qualquer doença associada (despoletada ou agravada) pelas emoções negativas, é necessário que haja uma predisposição do indivíduo para tal (a fragilidade dos órgãos ou sistemas envolvidos por ex.) e há que ter em conta a reacção fisiológica ao estímulo emocional, bem como a avaliação subjectiva do factor stressante. Uma alta activação fisiológica mantida ao longo do tempo pode provocar alterações do sistema imunológico que tornam a pessoa mais vulnerável a doenças infecciosas e auto-imunes, independentemente de expressarem ou reprimirem as suas emoções negativas, pois o que importa é a intensidade estímulo fisiológico despoletado por aquela emoção que não é directamente proporcional à intensidade da mesma.
Perante uma emoção, o indivíduo terá uma reacção: fala, grita, chora, agride, isola-se, etc. Todavia, quando nada disso acontece, a "opção" inconsciente pode ser adoecer, ou seja, expressá-las-há através do sistema somático. 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Abordagem medicamentosa e psicológica dissociadas

Depois das minhas últimas experiências falhadas na escolha de um terapeuta, encontrei alguém que me pareceu bem habilitado para fazê-lo.
Como habitual, as consultas tem a duração de uma hora, a primeira, um pouquinho mais. Comecei por lhe contar resumidamente a minha história e depois foquei-me naquilo que sentia. Depressa, o final da primeira consulta chegou. Em uma hora, tive que resumir quarenta anos de vida e mais de vinte de terapias. É claro que é impossível o terapeuta inteirar-se de tudo o que se passa com o indivíduo e aperceber-se da solução mais adequada. Eles acham, contudo, que o que o paciente espera deles é que lhes receite medicamentos para aliviar o seu sofrimento. E felizmente para os médicos, existem medicamentos que servem para quase tudo, basta que nos consigam enquadrar em uma qualquer patologia generalista. 
Eu costumo guardar uma cópia das prescrições medicamentosas que me têm sido feitas ao longo do tempo. Se procurar entre elas, decerto encontrarei uma igual à que me foi dada por este terapeuta. Isto quer dizer que, no que respeita à medicação, quase me basta ir ao meu "arquivo" e procurar uma receita que me tivesse sido prescrita para os mesmos sintomas em momentos anteriores. Então, que raio vou eu gastar o meu dinheiro num psiquiatra?!
Na segunda consulta, que aconteceu um mês depois da primeira, por indicação do terapeuta, as suas principais preocupações foram saber que efeitos secundários tinha tido com a terapia receitada. Como a minha resposta foi negativa, mandou-me continua-la e repetir a consulta daí a quatro meses. 
Na minha condição de paciente e de ser humano minimamente inteirado do mundo da psicologia e psiquiatria, aquilo que sinto é que as duas disciplinas andam cada vez mais separadas, enquanto a mente humana continua a ser apenas uma. Uma terapia puramente medicamentosa, quando sabemos que os medicamentos não curam, apenas aliviam, revela a ineficácia a longo prazo dest
a abordagem. Aquilo de que realmente precisamos é saber o que nos causou ou está a agravar a patologia de que padecemos e saber como lidar com ela. Quanto mais não seja, precisamos de seres humanos, de ver naquele terapeuta que está à nossa frente, uma pessoa, não um computador pré-programado para nos receitar determinado medicamento perante determinado sintoma. É claro que sem medicamentos, muitas pessoas não conseguirão resolver os seus problemas. Mas o que realmente necessitam é aprender a controlar, a dominar a situação, de forma a aumentar a sua auto-estima, a resolver os seus conflitos internos, a perceber onde estão a errar, e erradicar o seu sentimento de culpa infundado, a integrar-se ou a reconciliar-se com a sociedade onde vivem, etc. Sou só eu a ver isto?!!!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Deus - acreditar ou não

Sem me querer imiscuir em assuntos de religião, não posso contudo deixar de reparar na arrogância dos que afirmam que Deus não existe. Não me cabe a mim, neste blog que pretende para já ter uma abordagem científica, analisar a existência ou não de Deus, nem mesmo defender as minhas próprias crenças. Contudo, o que merece aqui análise é esta atitude de algumas pessoas perante o assunto.
Chocam-me as posições extremas. Mas se a posição extrema de acreditar plenamente abre os seus horizontes perante outras realidades, a de não acreditar fecha-os. Todas as definições de Deus no-Lo apresentam como ser omnisciente, omnipresente, omnipotente. Podemos concluir então que não se trata de um ser de carne e osso como todos nós. Também é assumido por todos que nunca ninguém viu a Deus. Quem diz que Ele não existe argumenta que nunca O viu, que nunca encontrou provas da Sua existência na sua vida, que existem muitas contradições na Bíblia, que a ciência justifica tudo, inclusive a própria razão da crença em Deus, abriga-se nas atitudes maléficas cometidas por indivíduos ou pelas próprias igrejas no passado e no presente. 
De facto, é caso para dizer, cada um sabe de si. No entanto há aqui algo que me deixa intrigada: muitas destas pessoas também não acreditam na validade permanente das leis da física! Isto é uma contradição! As leis da física, como sabemos, podem deixar de ser verdadeiras quando novas descobertas científicas vêm abalar as teorias anteriormente entendidas como verdadeiras, como é o caso da teoria geocêntrica que foi substituída pela heliocêntrica. Perante qualquer lei física, existe então a dúvida da sua veracidade. Como se pode então concluir e afirmar tão peremptoriamente a inexistência de Deus, quando nem sequer existem mecanismos científicos que o possam confirmar? Os argumentos que os não crentes utilizam, no seu conjunto, remetem-nos para duas características da sua personalidade: teimosia e arrogância. Teimosia, porque continuam no mesmo registo, recusando-se a procurar a verdade, seja ela qual for; arrogância, porque não conseguem aceitar outros pontos de vista, o seu universo está fechado a novos conceitos e ideias que possam ultrapassa-los em grandeza. 
O ser humano, por muito inteligente que seja, é super-limitado. Estamos confinados a um corpo, só vemos o que os nossos olhos nos permitem ver, só ouvimos o que os nossos ouvidos nos permitem ouvir, etc. No fundo, estamos condenados pela nossa biologia a ter acesso apenas a uma pequena percentagem de sensações. Do mesmo modo as nossas memórias, o nosso raciocínio, a nossa consciência, não passam de sucessões de impulsos magnéticos e registos armazenados em suportes físicos. Então, de tão limitados que somos, como poderemos ter a pretensão de conseguir deduzir da existência ou não de Deus, que não é uma entidade física?
Sabemos que cada ser humano não passa de um átomo na dimensão do universo. Perante a imensidão de Deus, tal como é definido e aceite pelos crentes, não passamos de quarks. Será que um quark, se tivesse consciência como nós, teria noção de que existira mais do que o átomo a que pertence???

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

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