Translate

Mostrar mensagens com a etiqueta hábito. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta hábito. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Medo das emoções positivas

O Homem é um animal de hábitos. E é bem verdade. Normalmente, quando pensamos nesta frase vêm-nos à memória comportamentos repetidos ao longo da vida. No entanto estes hábitos estendem-se também às emoções. 
Os hábitos caracterizam-nos, moldam a estrutura do nosso cérebro. Assim acontece com as emoções. Se repetidas ao longo do tempo, o cérebro familiariza-se com elas de tal forma que as considera normais. Normais, no sentido em que espera que ocorram, está preparado para que ocorram, e como tal aceita-as, não as rejeita. 
O que se passa é que por vezes ele só está habituado a emoções negativas, as positivas são raras e pouco intensas. Quando ocorrem, são uma novidade. Perante tal, não sabe como se comportar. Apesar de o consciente lhe dizer que são boas, não havendo registo com o qual as possa comparar, o que imediatamente se verifica é um aumento da ansiedade associada. Mesmo aquilo que é bom, como pode o cérebro avaliar se o é ou não, aquilo que desconhece e para o qual não tem base de comparação? Tem que se conhecer o que é bom para se querer experimentar o que é bom, caso contrário, é difícil acreditar que essa sensação existe, ainda mais quando o historial apenas apresenta um rol de coisas más.
O desconhecido causa medo, ansiedade. Estamos programados para evitar estas sensações. Aquilo que nos é dito pelo consciente que irá causar emoções positivas, é recebido pelo cérebro com desconfiança, despoletando uma série de emoções negativas. Por exemplo, se alguém está habituado a comer algo amargo, de que não gosta, e desconhece o sabor do açúcar, como se sentirá quando alguém lhe sugerir que um bolo é doce e que o doce provoca sensações agradáveis? Medo. Medo de não ser verdade e de ficar desapontado, medo de o doce não ser tão bom quanto aquilo que lhe dizem ser, medo de que a sua língua não goste do sabor doce. O mesmo acontece com as emoções. 
É por isso que muitas vezes vemos pessoas que enveredam por estilos de vida que repetidamente lhes trazem emoções negativas, rejeitando aquilo que as faria sentir melhor, pelo menos a avaliar pelos padrões da maioria das pessoas.  

domingo, 31 de maio de 2009

O hábito de sentir

Hoje aconteceu-me uma coisa estranha. Reparei que tinha um vale que me tinha sido oferecido no natal para descontar em compras que estava a terminar o seu prazo de validade. Decidi gastá-lo no supermercado, considerando-o como um bónus, que iria aumentar o meu dinheiro disponível para efectuar as minhas compras.

Entrei no estabelecimento pensando que poderia comprar produtos de melhor qualidade e ainda algo extra. Comecei a percorrer as prateleiras e a colocar no cesto as coisas de que necessitava. Quando estava quase no fim, ao pegar numa lata de cerveja apercebi-me, espantada, que apesar de o meu dinheiro disponível ser superior ao normal, inconscientemente fui levada a escolher exactamente os mesmos produtos que comprava anteriormente: os mais baratos, embora de marcas diferentes. O meu cabaz era pobre e sobrava-me ainda muito dinheiro para gastar. Fiquei frustrada, porém em vez de ir trocar os produtos decidi guardá-lo para futuras ocasiões.

Podemos fazer uma analogia entre os produtos do supermercado e as nossas emoções. O que se passou comigo hoje passa-se com cada um de nós relativamente ao que sente. Na verdade, ainda que a nossa vida tenha mudado, que tenhamos todas as razões para sermos felizes, estamos habituados a "escolher" as mesmas emoções negativas que em tempos mais difíceis. Quantas vezes nos foi dado um aumento de ordenado que há muito ambicionávamos ou encontramos a pessoa amada e damos por nós a experimentar o mesmo medo, a mesma raiva, o mesmo ódio? Isto deve-se ao hábito. O nosso cérebro habituou-se a criar sempre as mesmas sinapses, abriu e alargou os caminhos para as essas emoções, enquanto os que levam á alegria estão cheios de ervas e pedras, muitas vezes é difícil perceber que ali existiu em tempos uma estrada. É difícil mudar, bem tentamos mas voltamos ao mesmo. Ficamos frustrados e no fim, sobra-nos ainda tempo que podíamos gastar na emoção "alegria", mas decidimos guardá-lo para quando os filhos crescerem, quando tirar a carta, quando fôr rica...

Muitas pessoas confundem emoções com sentimentos. No dicionário Petit Robert encontramos a seguinte definição de emoção: "Estado afectivo intenso, caracterizado por uma brusca perturbação física e mental onde são abolidas, na presença de certos estímulos ou representações muito vivas, as reacções apropriadas de adaptação ao acontecimento". O Petit Larousse acrescenta ainda: "Perturbação passageira provocada pela alegria, a surpresa, o medo, etc". Isabelle Filiozat define-a como "um movimento em direcção ao exterior, um impulso que nasce no interior de nós próprios e que fala ao que nos rodeia, uma sensação que nos diz quem somos e nos coloca em relação com o mundo". Esta psiquiatra e escritora francesa diz-nos ainda que todos os seres humanos, indempendentemente da sua raça, sexo ou idade as vivem da mesma maneira.

Cada emoção dura apenas alguns segundos. Se dura horas, não é emoção mas humor. Quando dura semanas já não é humor mas perturbação afectiva. Em contrapartida os sentimentos são duradouros.

Ao contrário dos sentimentos que podem ser inúmeros, existem apenas cinco emoções de base, embora alguns entendidos na matéria conseguem distinguir algumas mais. São elas a cólera, o medo, a tristeza, a alegria e o desgosto. Podem acrescer a estas a culpabilidade, o desespero, a raiva, a inveja, o ciúme, a surpresa, a excitação, a ternura, o amor. As emoções são biológicas, pulsionais, enquanto os sentimentos são elaborações secundárias porque são mentalizadas. Os sentimentos prolongam-se no tempo e geram ou são alimentados por emoções.

Ter consciência das nossas emoções, saber distingui-las dos sentimentos e conseguir identificá-las é uma forma de levar o nosso cérebro a deparar-se com mais hipóteses na altura de "escolher". É preciso persistência para mudar hábitos tão profundamente enraízados. Eu diria mesmo que é preciso coragem. A maior parte das pessoas acomoda-se, passa uma vida inteira infeliz à espera de um milagre que lhes limpe as estradas que levam a emoções positivas para então poderem desfrutar da alegria.

Lágrimas secas

Ver fonte da imagem   So me apetece chorar, mas as lágrimas não caem.... É um alívio quando elas escorrem pelo rosto, pois é uma forma de ex...

Mais vistas